segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Onde Vivem os Monstros

Onde Vivem os Monstros

Este texto foi publicado na época da exibição do filme nos cinemas. Como muitos não puderam assistí-lo, dada sua má distribuição no circuito comercial, pelo Brasil, e aproveitando seu lançamento em DVD e Blu-Ray, acredito que a resenha se faça bem-vinda. Espero que apreciem algumas notas sobre Onde Vivem Os Monstros.
A infância, mais propriamente o seu fim, é o início da descoberta da sexualidade, é onde se fazem os laços com os amigos, se enfrentam os primeiros desconfortos do mundo… Muito já se falou sobre esta época, mas muitos esquecem que também é quando aprendemos a lidar com nossos próprios sentimentos, quando descobrimos algo que já sabíamos intuitivamente.
Descobrimos que nossas ações têm consequências, o quão fácil podemos magoar alguém e nos machucar, como podemos manipular os sentimentos dos outros, como a vida é feita de tons de cinza, e não do simples preto e branco… Enfim, nos tornamos adultos.
Quando penso na relação de filmes e infância, logo me vem uma série de combinações à mente. Não que seja uma lista extenuante, pois muitos podem fazer inferências diferentes, o que torna ainda maior (e mais fascinante) o leque de possibilidades.
Há aqueles filmes que tratam a todos (adultos e crianças) como infantilóides, com roteiros rasos e extremamente explicativos, piadas sem graça e atuações e efeitos especiais excessivos; existem aqueles que resgatam nossa criança interior, ao passo que adulam e educam aqueles que ainda são pequenos (as animações da Pixar, por exemplo); e existem, por fim, filmes que só querem falar sobre a infância.
Baseado no curto livro infantil de Maurice Sendak, famoso nos Estados Unidos mas quase desconhecido no Brasil, o filme de Spike Jonze (Adaptação, Quero Ser John Malkovich) retrata o levado e imaginativo Max em uma aventura com tons de auto-jornada. Após brigar com sua família, o pequeno sai em disparada pela floresta, até que chega a um lago onde funda seu reinado em uma pequena ilha: lá, onde vivem os monstros, ele tem a ilusão de que poderá reuní-los próximos a si, e ter um conjunto unido e feliz, até que em seu paraíso também surjam problemas parecidos com os da vida real.
Pesado e verborrágico, definitivamente não é um filme para crianças, mas para adultos que querem compreender como foi seu crescimento emocional. Dar-nos conta de nossas emoções é como encontrar monstros, com os quais acabamos nos identificando.
Deste modo, as emoções (raiva, isolamento, carência) de Max refletem-se em cada monstro de Jonze, belamente compostos pela ótima atuação de atores do calibre de James Gandolfini (Os Sopranos), Paul Dano (Pequena Miss Sunshine, Sangue Negro e uma participação em Os Sopranos) e Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia) e bonecos animatrônicos com pequenos toques digitais (economia em computação acertada do diretor, que dá mais realismo a uma história fabulosa).
Elogios também são devidos à ótima interpretação do pequeno Max Records e à trilha sonora de Karen O, ex-namorada de Spike Jonze e vocalista da ótima Yeah Yeah Yeahs (responsáveis por um dos melhores álbuns do ano passado.
Mais velhos, estamos distantes o suficiente para apreciarmos um momento singular em nossa história. Ambíguo, sendo ao mesmo tempo nostálgico e doloroso, Onde Vivem Os Monstros, mesmo com a intervenção do estúdio, é como os demais filmes de Jonze, e não é para todos. Seu insucesso comercial no momento pode revelar um filme cultuado no futuro. Esperemos.

Um comentário:

  1. Bom post garotinha ruiva!!! rs Deu vontade de ver o filme!

    cheia de graça! ta achando que é escritora? rs

    vai malhar muleka!!! kkkkkkkk

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